As férias de janeiro convidam a viajar, e a Estação da Artes – espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante – vai indicar os caminhos, de 26 a 29 de janeiro, por meio do Festival Travessias. Logo na abertura, na quinta-feira, a partir das 19h, a casa abre para receber o show acústico “Kimaranu”, de Manu Chao, com participação do filho Kirá.
O artista define a apresentação como um pássaro comendo uma fruta, fruta musical. “Toda acústica, em busca de festa, música da terra, meio improvisada, meio transgressora”. No setlist, a expectativa por clássicos do músico francês, em diálogo geracional com o herdeiro cearense de seu talento sonoro. Nascido do Ceará, Kirá traz como referências estéticas alguns nordestinos como Jackson do Pandeiro, Alceu Valença e João Cabral de Melo Neto.
O encontro dos dois no palco da Estação das Artes dá início às travessias que se expandem até domingo no equipamento, com mais de dez grupos convidados, sendo a maior parte deles advindos da primeira Convocatória de Projetos Artísticos do Complexo, lançada em outubro de 2022.
A programação é gratuita, com distribuição de pulseiras sujeita à lotação da casa, a partir dos horários de abertura do equipamento nos quatro dias de festival: 19h, 17h, 15h e 9h, respectivamente.
Segundo dia
Música, dança, teatro, performance e literatura estão entre as linguagens artísticas contempladas no Festival Travessias. Na sexta-feira (27), as atividades iniciam às 17h, com a apresentação do espetáculo “Marítimas: Narrativa 1# Minha Jangada chama pelo nome”, de Cleomir Alencar.
Esse é um trabalho construído a partir de uma modalidade do Teatro de Animação Contemporâneo, o Teatro em Miniatura. A proposta é montar uma caixa cênica, em formato lambe-lambe, para que o público, que está chegando no espaço, possa assistir a narrativa. O espetáculo trata da memória e do tempo, a partir do olhar de um velho pescador, no qual passado e presente entram em sintonia e a linha tênue que os separa se rompe pela pujança de imagens que se sucedem, tecidas pelo som do mar, ora calmo, ora devastador.
Em paralelo, a música eleva a temperatura da Gare da Estação das Artes. Das 17h às 18h20, a cantora, compositora e performer Marta Aurélia apresenta o show “Tectônica”. Ele faz parte de um projeto que inclui um EP com três canções e um single homônimo. Acompanham a artista Ayla Lemos, Clau Aniz e Caio Castelo.
Zéis, por sua vez, realiza o show “Encruzilhada”, das 18h30 às 19h30. Este é um trabalho que tem em seu repertório canções originais lançadas nos últimos cinco anos. O show busca encontrar nas discussões sobre raça, gênero, e também na arte e nos encontros, elementos que apontem para presentes e futuros possíveis.
O grupo Viramundo encerra a noite de sexta com a apresentação “Viramundo convida Caravana Cultural”. A banda cearense nasce do movimento percussivo da cidade de Fortaleza e é composta por Vic Andrade, Bruno Esteves e Marcello Santos, um trio que entrecruza tradição e experimentação. Com dois álbuns lançados e um single, “Vai ter Carnaval (21/01/23), o grupo celebra neste show os 20 anos da Caravana Cultural, escola da qual também fazem parte.
Terceiro dia
O Sarau das Pretas – Coletiva Pretarau abre os caminhos na tarde de sábado, a partir das 15h. Artistas negras de Fortaleza e região metropolitana trazem o verbo, a voz e o viço, por meio da poesia, em uma celebração dos saberes do corpo, que é também rua e casa ao mesmo tempo.
O Grupo de Dança Retalho entra em seguida, às 16h, com o trabalho “Feridas do existir”. Trata-se de um espetáculo de dança e encenação em que serão abordados problemas e sofrimentos vividos na sociedade contemporânea, tais como ansiedade, depressão e dependência emocional, trazendo em especial as vivências e interpretações na ótica dos membros do grupo, jovens da periferia e que são de minorias sociais.
Às 16h20, o Afoxé Omõrisá Odé apresenta o trabalho “A Dança dos Orixás”. Composto de batuqueiros e bailarinos, é um espetáculo que visa desmistificar a imagem dos Orixás, tirando-os de dentro dos terreiros e ajudando a combater a intolerância religiosa.
Sábado também será apresentado na Estação o Projeto Cidade Mídia – Performance AV #IssoNãoÉPixação, com Vitor Grilo nas projeções/live visuals e Eric Barbosa nos sons/música/ruídos sonoros. A composição vai se debruçar sobre a percepção da cidade a partir de um olhar e de um ouvir questionador, transgressor, percebendo os ruídos visuais e as imperfeições postas pela interação homem-cidade, pelos fluxos urbanos na urbe.
À noite, dois shows tomam conta da Gare. No primeiro deles, Nego Gallo convida Emiciomar & Blecaute, com o objetivo de dar visibilidade à arte produzida por meio da realidade periférica de Fortaleza. Os artistas trazem ao palco as interseções desses caminhos de resistência, a tradução dos valores e desafios de uma música que nasce na periferia e impacta para além dela.
Encerrando o sábado, Luiza Nobel retorna para a Estação com o Baile Preto. Em um repertório de percussão forte e ritmo swingado, no tom do carnaval, a artista traz como lema do espetáculo “Diversão, Ancestralidade e Denúncia”.
Quarto dia
O último dia de Festival começa no já tradicional domingo pela manhã na Estação. A criançada é convidada a participar, de 9h às 12h, de duas oficinas: “Percursos: a pintura em movimento”, com a educadora Neide Ávila, e “Explorando formas sensoriais”, com Nice Alcântara. Ambas estimulam o trabalho com desenho e pintura.
Dois espetáculos completam a manhã infantil: “O Caçador de Histórias”, do Grupo Fantoshow, e “A Risita”, do Coletivo Fuscirco. Enquanto o primeiro envereda pelo Teatro de Bonecos, com a utilização de fantoches, o segundo investe na palhaçaria popular, com música, malabarismo, equilibrismo e muita palhaçada.
O “Chorinho na Estação” chega à terceira cena neste domingo, com a presença da Roda do Pacha, de 11h às 13h, e foco no Choro Moderno, de 13h às 15h, a partir da pesquisa e curadoria de Tauí Castro. O repertório do primeiro grupo será dividido entre os clássicos do imaginário popular brasileiro e as músicas de compositores cearenses. O regional é formado por Brenna Freire, no cavaquinho, Iann Calíope, na flauta e flautim, Lucas Ervedosa, no violão de 7 cordas, Alisson Félix, no violão de 6 cordas, Eric Diógenes, no bandolim, e Rafael Melo, no pandeiro. Em seguida, entram em cena Carlinhos Patriolino, Samuel Rocha, Tauí Castro, Felipe Bastos, Cleyton Gomes, Ray Lima, Felipe Gyffone, Pedro Madeira e Nonato Lima.
Ao longo de todo o Festival Travessias, o Mercado AlimentaCE estará com os seis restaurantes abertos, bar de drinks e choppe, e contará com feiras gastronômica e agroecológica. Na quinta (26), a comedoria funciona com Mormaço, Tacos Burger, Cozinha do Deyme, Muá Tuá, Pachamama e Sorvete da Reserva, além de barracas com salgados, acarajé e bebidas diversas. Sexta (27) e sábado (28), a comedoria segue aberta durante a programação da Estação. No domingo (29), além dos restaurantes, o público poderá aproveitar as já tradicionais feirinhas gastronômica e agroecológica pela manhã.
Serviço
Festival Travessias
De 26 a 29 de janeiro de 2023 | Quinta (19h às 22h); Sexta (17h às 21h), Sábado (15h às 21h) e Domingo (9h às 15h)
Endereço: Estação das Artes (Rua Dr. João Moreira, 540 – Centro)
Acesso gratuito, com distribuição de pulseiras de acordo com capacidade do espaço, a partir do horário de abertura do equipamento em cada dia.
Pulseiras disponíveis na quinta-feira (26): 2.000
Pulseiras disponíveis de sexta (27) a domingo (29): 1.500
Caso a pessoa saia do equipamento durante o evento, deverá retornar à fila para pegar nova pulseira, ficando o retorno sujeito à lotação do espaço.
Classificação indicativa de quinta a sábado: 18 anos. Pessoas menores de idade podem entrar após assinatura de Termo de Responsabilidade pelo responsável legal na entrada.
Classificação indicativa de domingo: Livre
Proibida a entrada com bebidas alcoólicas em recipientes de vidro, cooler ou bolsa térmica.
Programação artística completa
Festival Travessias
Quinta-feira (26)
19h – Abertura da casa
20h às 22h – Show acústico Kimaranu, com Manu Chao e Kirá
Sexta-feira (27)
17h às 18h – Espetáculo “Marítimas: Narrativa 1# Minha Jangada chama pelo nome”, de Cleomir Alencar
17h às 18h20 – Show “Tectônica”, de Marta Aurélia
18h30 às 19h30 – Show “Encruzilhada”, de Zéis
19h40 às 21h – Show “Viramundo convida Caravana Cultural”, do Grupo Viramundo
Sábado (28)
15h às 16h – Sarau das Pretas – Coletiva Pretarau
16h às 16h20 – Espetáculo “Feridas do Existir”, do Grupo de Dança Retalho
16h20 às 17h50 – Espetáculo “A Dança dos Orixás”, do Afoxé Omõrisá Odé
17h50 às 20h – Projeto Cidade Mídia – Performance AV #IssoNãoÉPixação, de Vitor Grilo e Eric Barbosa
18h às 19h20 – Show Nego Gallo convida Emiciomar & Blecaute
19h30 às 21h – Show “Baile Preto”, de Luiza Nobel
Domingo (29)
9h às 12h – Oficina “Percursos: a pintura em movimento”, com Neide Ávila
Oficina “Explorando formas sensoriais”, com Nice Alcântara
9h às 10h – Espetáculo “O Caçador de Histórias”, do Grupo Fantoshow
10h às 11h – Espetáculo “A Risita”, do Coletivo Fuscirco
11h às 15h – Chorinho na Estação – Roda do Pacha e Roda de Choro Moderno (3ª cena)