O III Festival Dá Teu Nome teve início na tarde da última sexta-feira (31), na Pinacoteca do Ceará, espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante, com o lançamento da revista “Memória Transmasculina: Rastros de Permanência”. O evento contou com um pocket show do artista Otto Nascimento, falas institucionais e mesas temáticas com a participação dos artistas e produtores da obra.
A iniciativa faz parte do programa Dá Teu Nome, vinculado ao Núcleo Políticas Afirmativas (NUPA) do Instituto Mirante de Cultura e Arte. Nesta edição, o festival busca evidenciar o protagonismo das narrativas e pesquisas de artistas transmasculines e não-bináries cearenses. A publicação foi produzida pelo Coletivo TransTcholagi, em parceria com os coletivos Girino, Tocaya e Encante Território Criativo, com apoio do Instituto Mirante e da Secult CE, por meio da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar n° 195/2022).
“A gente não vê [pessoas trans] comumente na literatura. E hoje, nós estamos rasgando esse espaço, adentrando a sociedade para dizer que estamos produzindo. Nós somos pessoas com intelectualidades ainda muito inalcançáveis pelas pessoas cis. Mas estamos aqui, criando e fazendo”, destacou Jô Costa, supervisora da NUPA.
Durante a abertura, Iana Soares, diretora-executiva do Instituto Mirante, ressaltou a importância do evento em um cenário de desafios para a comunidade LGBTQIAPN+. “É muito significativo a gente poder celebrar isso num momento em que o retrocesso está logo ali, nos Estados Unidos, mas também na esquina, quando não conseguimos sentar com tranquilidade para conversar com quem amamos. Falar sobre isso no sentido de multiplicar a vida é essencial”, ressaltou.
Para o redator do prefácio e mediador do lançamento, Joaquim M. Ferreira, a publicação é um instrumento de visibilidade. “Eu tenho deixado de falar muito de violência e tudo mais para falar de busca por uma oportunidade para a nossa população transmasculina, uma população trans como um todo. Porque é isso que a gente precisa”, enfatizou. “Eu acho que essa revista é uma materialização de uma oportunidade de criar essa visibilidade. Colocar essa visibilidade, literalmente, no papel”, completou.
Após a distribuição da revista ao público, o evento seguiu com as mesas temáticas “Transprofecia para Eternidade” e “Fincar Tecnologyas de Sobrevivência”, ambas com participação dos artistas expositores. A terceira edição do Festival Dá Teu Nome se encerra no dia 15 de fevereiro com as atrações Carnaval no Inferno e Baile Preto com Luiza Nobel na Estação das Artes, também no Centro de Fortaleza, outro espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult CE e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.