Com excelente presença de público, o Fotofestival Solar realizou sua cerimônia de abertura nesta quarta-feira (7), em espaço montado na Pinacoteca do Ceará. Em sua segunda edição, o Solar segue até o domingo (11), com uma ampla programação e diversos tipos de atividades a serem realizadas em dois dos principais equipamentos culturais da capital cearense: no Complexo Cultural Estação das Artes e no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS) – instituições que integram a Rede Pública de Equipamentos da Secretaria da Cultura do Governo do Ceará, geridas em parceria com o Instituto Mirante.
A noite foi marcada por falas contundentes, que reforçaram o caráter de resistência, celebração e conquista não apenas da realização desta segunda edição do Solar, mas da abertura dos primeiros espaços do Complexo Cultural Estação das Artes. Na ocasião, estiveram presentes autoridades do Estado, gestores de equipamentos públicos e instituições, além de convidados da programação do festival. A cerimônia começou com a fala de Rian Fontenele, diretor da Pinacoteca do Ceará, que destacou a importância desta semana para o calendário cultural do Estado, quando a Pinacoteca abriu suas portas ao público. “E nesta abertura já recebemos um festival do porte do Solar. Isso nos traz a certeza de todas as possibilidades e das posições políticas necessárias em cada mostra, em cada trabalho que se faz aqui. Desejo que sejam dias alumiados”, resumiu.
Na sequência, Lara Vieira, Presidenta do Instituto Mirante, também definiu a semana como um período de festejo e celebração. “Estamos tomados de muita emoção, porque sabemos o quanto de esforço, dedicação, trabalho, amor à cultura foram necessários para que esse sonho se tornasse realidade. Estamos aqui, nós dessas instituições, empenhados em fazer essa entrega ao povo cearense. Fui filha de engenheiro ferroviário, frequentei muito esse lugar e me emociono toda vida que retorno. O que antes era um lugar de chegadas e partidas hoje é um espaço de cultura, de arte e trocas”, recordou, emocionada.
Presidenta do Instituto da Fotografia (iFoto), Glícia Gadelha também ressaltou o caráter de conquista das inaugurações e do Solar. “Esse equipamento é uma luta antiga, e está encantador. Quero agradecer a todos que se esforçaram para isso. E ao Tiago Santana, que vem na luta de realizar esse festival. Agradeço também ao Fabiano Piúba, pela gestão que fez nesses sete anos à frente da Secult Ceará. Curtam, tem muita coisa bacana até domingo”, convidou a gestora.
Em sua fala, o idealizador e diretor artístico do Solar, Tiago Santana, também agradeceu efusivamente a todos os envolvidos na realização do evento e sublinhou a longa jornada que precedeu tanto o Solar quanto a abertura da Pinacoteca. “Tudo isso envolve desejo, emoção, desprendimento, envolvimento 100% de uma equipe que está compartilhando esse tempo de construção”, mencionou. Ainda nos agradecimentos, Tiago também destacou a atuação de Fabiano Piúba na gestão da Secult Ceará. “Não foi uma missão fácil, mas ele soube fazer com muito carinho e dedicação, com uma excelente equipe e muito diálogo, uma gestão que foi uma das melhores do Estado”, pontuou.
Na sequência, o diretor artístico leu um texto que citava a primeira edição e a trajetória do Solar desde então. “Estivemos juntos há quatro anos, nos encontramos no meio de uma Terra em Transe, sem imaginar que o abismo profundo poderia ser pior. No primeiro Solar, combinamos de fazer uma travessia que se revelou ainda mais complexa. Desgoverno, pandemia, política de violência e morte. Mas mesmo em momentos de solidão e desespero, sabíamos que tínhamos esse encontro marcado. Em 2020 estávamos isolados, com medo e ainda sem vacinas. Nesse intervalo, para iluminar tempos difíceis, inventamos pequenas brechas, rachaduras por onde a luz entra. Fizemos convocatória, parceria com festivais do País e levamos a exposição Terra em Transe para o Museu Afro Brasil em setembro de 2021. Encontramo-nos em múltiplas telas e quatro anos depois estamos aqui. Chegamos, cheios de perguntas. O que ocorre quando, depois de tocarmos o fundo do abismo, insistimos em imaginar um tempo luminoso? Quando organizamos a raiva e a dor para seguirmos na luta? De que forma sonhos erguem outros mundos? De hoje até domingo teremos outras questões, talvez sem respostas, mas com a certeza que o encontro e a alegria tornam vida abundante”, rememorou, antes de dedicar esta edição do Solar à fotógrafa e artista multimídia Rochelle Costi, falecida neste mês, e ao fotógrafo e professor Maurício Lissovsky, que também partiu, em agosto deste ano.
Por fim, falou o secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba, que definiu a nova Pinacoteca como um sonho de 80 anos que se torna realidade. “Um sonho que vem ali da SCAP (Sociedade Cearense de Artes Plásticas), de 1943. A Pinacoteca brotou porque houve os que vieram antes. Sempre há legados, percursos, caminhos de pessoas que vieram antes. Agora o equipamento está aí, com exposições fabulosas”, comentou, ao mesmo tempo em que revelava a alegria pela segunda edição do Solar. “Agradeço ao Tiago, eu ainda estava no MinC quando ele me puxou e fez esse laço para construirmos juntos um projeto de inserir a política cultural do Ceará numa defesa importante daquilo que estava sendo destruído. E hoje temos essas entregas importantes”, celebrou. “Estou recordando o primeiro Fotofestival Solar, realizado logo depois da vitória de Bolsonaro, quando o evento se colocava naquele momento Terra em Transe, com foto do Museu Nacional em chamas. Ali o Solar assumia um posicionamento político para aquele Brasil que se anunciava, um festival de resistência para um País que precisávamos retomar. Uma edição de resistência e agora uma de esperança”, comparou Piúba
Na sequência, subiram ao palco Moacir dos Anjos e Fabiana Moraes, curadores da exposição “Negros na Piscina” – uma das principais na programação do Solar e que foi bastante elogiada pelo público presente na abertura. Mediados por Iana Soares, uma das coordenadoras do festival, os dois comentaram brevemente sobre a exposição, sua importância e diálogos que ela estabelece com o contexto atual.
“Precisamos sublinhar imagens de autonomia, elas são necessárias para contarmos a história om mais integridade. Quando confiro essas imagens de autonomia a pessoas e populações, preciso ceder meu lugar de herói, e as pessoas não querem ceder esse espaço”, pontuou Fabiana, referindo-se às populações negras, trans, indígenas e outras sistematicamente oprimidas.
Em complemento à fala da colega, Moacir dos Anjos ressaltou o potencial das imagens da exposição para “redesenhar o País”. “Elas apontam para outras possibilidades. É preciso investigar o porquê não foi e tentar realizar esse futuro que não existiu. Imaginar outros possíveis para o Brasil, mais inclusivos, generosos, belos e felizes. E temos a sensação que a exposição contribui, ainda que pequeninamente, para essa construção coletiva”, observou.
Toda a cerimônia teve tradução para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e transmissão ao vivo pelo Youtube da Secult Ceará. Terminado o momento, a festa continuou no GARE da Estação das Artes, onde os seis empreendimentos selecionados para a ocupação temporária dos restaurantes do Mercado AlimentaCE atraíram o público, ao som dos DJs Estácio e Maria Tavares.
Em sua 2ª edição, o Fotofestival Solar acontece de 7 a 11 de dezembro de 2022 no Complexo Cultural Estação das Artes e no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE). Realizado pelo Instituto da Fotografia do Ceará (IFoto), o Solar tem apoio do Instituto Mirante, do Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE), da Pinacoteca do Ceará, do Centro de Design do Ceará, do Mercado Alimenta CE e da Estação das Artes. O patrocínio é do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura. A programação completa, com dias e horários de todas as atividades do Fotofestival Solar, está disponível no site solarfotofestival.com.
SERVIÇO
Fotofestival Solar 2022
QUANDO: de 7 a 11 de dezembro de 2022
HORÁRIO ESPECIAL DE FUNCIONAMENTO: das 9h30 às 22h
ONDE:
Complexo Cultural da Estação das Artes
R. Dr. João Moreira, 540, Centro
MIS – Museu da Imagem e do Som do Ceará
Av. Barão de Studart, 410 – Meireles
ACESSO: Gratuito. Livre.