Museu da Imagem e do Som do Ceará realiza programação voltada para o Dia da Consciência Negra

Programação diversificada traz projeção de fotografias, baile vogue, palestras e roda de capoeira
Foto: Carliane Capitu

O Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE) realiza nesta semana (18 a 20) uma programação diversificada que reflete sobre o Dia da Consciência Negra, celebrado dia 20 de novembro. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante.

A programação inclui projeção na fachada de imagens recebidas em convocatória com o tema “Consciências Negras”, que foi exclusiva para autores e autoras negros; um baile vogue chamado Xica Manicongo Ball; projeção de fotografia histórica de Chico da Matilde, o Dragão do Mar, associada ao debate “Imagem, Memória e Lutas Negras no Ceará de Chico da Matilde”; e roda de capoeira com Mestre Urso Preto.

– PROJEÇÃO DE IMAGENS COM O TEMA “CONSCIÊNCIAS NEGRAS”

Como resultado de uma convocatória de fotografia lançada anteriormente, o MIS exibe na fachada do Anexo 141 fotografias produzidas por 36 autores e autoras negros. A proposta atravessa o desejo de celebrar as trajetórias e a diversidade da produção artística de pessoas autodeclaradas negras. Foram recebidos ensaios de temas variados tais como paisagens litorâneas, fotos de perfil, de Fortaleza, de quilombos, além de imagens que exaltam a beleza e a cultura negra, entre outros. As imagens selecionadas serão exibidas na fachada do MIS-CE, nos dias 18 a 20 de novembro e de 24 a 27 de novembro, em horários diversos. Nos dias 18, 19, 24, 25 e 27, será de 18h às 19h45. No dia 20, de 18h30 às 19h45. E dia 26, de 19h às 19h45.

– BAILE VOGUE: “XICA MANICONGO BALL”

O baile vogue Xica Manicongo Ball acontece no dia 19 de novembro, das 15h às 20h, na sala imersiva do MIS, em especial alusão ao Dia da Consciência Negra. Ballroom é uma tradição de baile vogue local, durante o qual são realizadas batalhas de algumas das categorias do vogue, sejam elas dançadas ou não. O vogue é uma expressão artística própria da comunidade LGBTQIA+, que tomou a forma de uma dança em meados dos anos 60 em Harlem, região de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Sofrendo forte discriminação fora de seus próprios círculos, a comunidade LGBTQIA+ (principalmente latinos e negros) começou a organizar de forma espontânea competições de vogue chamadas de Balls, que se transformaram em espaços de afirmação e reconhecimento. A idealizadora do Xica Manicongo Ball é Silvia Miranda, mulher trans conhecida na cena Ballroom brasileira como Yagaga Kengaral. O evento acontece em parceria com a Pinacoteca do Ceará, que também integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante.

Xica Manicongo
Xica Manicongo foi a primeira pessoa reconhecida como travesti na história do Brasil, a partir de uma denúncia feita aos Tribunais do Santo Ofício em 1591. Ela foi trazida ao Brasil como pessoa escravizada e viveu desafiando barreiras de gênero em Salvador-BA, onde morou e sofreu uma anulação social da sua identidade. É em memória dessa travesti preta e histórica que esta ball é realizada, para não esquecer quem abriu portas para a comunidade ballroom florescer, séculos depois.

Categorias do baile vogue Xica Manicongo Ball:
As inscrições serão feitas no local do evento, a partir das 15h. Interessados podem se inscrever nas seguintes categorias:

BABY VOGUE (R$150,00): categoria voltada para pessoas iniciantes em Performance (Old Way, New Way ou Vogue Femme).
TAG TEAM RUNWAY – CABRA VELHA & LEITE NINHO (R$300,00 + R$150,00): categoria disputada em dupla, que tem que ser formada por uma pessoa que caminha em Runway APT e outra em Baby Runway / Beginner’s Runway. Os 10s podem ser feitos com um áudio pré-produzido pela dupla (enviar à DJ com antecedência) ou em entrada regular. Para evitar confusão no júri, se uma pessoa vai entrar de cada vez, a Leite Ninho deve ir primeiro, seguida pela Cabra Velha.
COMMENTATOR vs. COMMENTATOR (R$300,00): disputa de chant, para quem melhor evocar o espírito do cunt usando apenas a voz.
PERFORMANCE APT (R$ 300): categoria voltada para pessoas experientes em sua modalidade de vogue (Old Way, New Way ou Vogue Femme).
FACE MAQUIADA – PARA PESSOAS PRETAS (R$ 600): os aspectos usuais de Face serão julgados, assim como a maquiagem. Categoria EXCLUSIVA para pessoas pretas.
BEST DRESSED – PARA PESSOAS PRETAS (R$ 600): deve-se apresentar um look coeso, elegante e bem acabado. Atenção aos detalhes é um ponto chave. Categoria EXCLUSIVA para pessoas pretas.

Dress Code:
Em todas as categorias, será exigido um look vermelho e dourado. Nas três primeiras categorias, serão admitidos detalhes em outras cores, desde que prevaleçam o vermelho e o dourado. Nas duas últimas categorias, que oferecem os maiores prêmios, deve-se usar apenas essas duas cores (com exceção do calçado).

Equipe:
Júri: Joana Kengaral, Vênus Valentino, Sol Louboutin
Chanters / Commentators: Yagaga Kengaral, Mercury Valentino
Hostess: Dandara Kengaral
DJ: Aryan Louboutin

Silvia Miranda – Yagaga Kengaral
Silvia Miranda, idealizadora do evento, é uma Travesti Preta que reside em Fortaleza-CE e, com 22 anos, carrega o nome artístico de Yagaga. É nacionalmente reconhecida como Pioneira da Comunidade Ballroom de sua cidade, Mãe da Kiki House of Kengaral, fundadora do Coletivo Becha Cearense e componente do coletivo Carnaval no Inferno. Seu trabalho com os Coletivos é de Apresentadora, Chanter, Jurada, Produtora de Balls, Performer e Professora. Com todo o desenvolvimento da cena de regional, em março de 2020 Yagaga foi nomeada Pioneira da Cena de Fortaleza-CE pelos Primeires Pioneires da Cena Ballroom Brasileira. O evento aconteceu na Everything Silver and Blue Aftermath no Rio de Janeiro-RJ.

– DEBATE “IMAGEM, MEMÓRIA E LUTAS NEGRAS NO CEARÁ DE CHICO DA MATILDE” + PROJEÇÃO DE FOTOGRAFIA HISTÓRICA

Fruto de uma colaboração técnica entre o Museu da Imagem e do Som do Ceará, o Museu do Ceará e o pesquisador Nirez, em consonância às celebrações do dia da Consciência Negra, o evento promove a projeção na fachada de uma das poucas fotografias em que é possível ver o rosto de Francisco José do Nascimento, também conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde. Associado à projeção, será realizado na Praça do MIS um debate com o tema “Imagem, Memória e Lutas Negras no Ceará de Chico da Matilde”, com a participação de com David Felício, Hilário Ferreira, Lilica Santos e Raquel Caminha. Além de falar da própria fotografia e do processo de pesquisa e digitalização, o grupo conversa ainda sobre acervos, história do Ceará e sobre outros personagens invisibilizados. O evento acontece dia 20 de novembro, de 17h às 19h, na Praça do MIS.

A nova digitalização dessa fotografia centenária dos membros da Sociedade Cearense Libertadora (organização abolicionista da época), feita certamente antes da abolição na então província em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea, possibilita promover reflexão e debate não apenas sobre a memória da população negra no Estado como também do seu status atual.

Palestrantes

Raquel Caminha é historiadora, na Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, e diretora do Museu do Ceará e do Museu Sacro São José de Ribamar. Tem doutorado em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestrado em História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e é especialista em Semiótica pela mesma instituição.

Lilica Santos é mulher cis, negra. É artista multilinguagem, graduanda em Ciências Sociais – UFC. Gestora Cultural do Festival Negruras e do Soulest – Espaço Criativo. Integra a Rede de Mulheres Negras do Ceará e o Instituto de Formação José Napoleão. Atualmente está como supervisora na Assessoria de Políticas Afirmativas e Articulação Comunitária no Instituto Mirante.

David Felício é educador, pesquisador e artista visual. Graduado em História pela Universidade Federal do Ceará, é laboratorista no Lab 8 – Laboratório Analógico e atua no MIS – CE como Técnico Especialista I – Preservação, Conservação e Digitalização.

Hilário Ferreira é graduado em Ciências Sociais e Mestre em História Social pela UFC. Professor da UniAteneu, lotado no curso de Serviço Social. É pesquisador da história e cultura negra do Ceará. Membro do Instituto de Formação José Napoleão e da Bantu Consultoria. Também é conselheiro da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileira e saúde do Ceará – Renafro – Ce.

– VEM VADIAR NO MUSEU: RODA DE CAPOEIRA COM MESTRE URSO PRETO

O Museu da Imagem e do Som do Ceará recebe em sua praça uma roda de capoeira conduzida por Mestre Urso Preto. A programação “Vem Vadiar no Museu” acontece no dia 20 de novembro, das 19h às 19h45, e é um convite para o lazer compartilhado.

A capoeira é reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo IPHAN desde 2008, por meio das categorias ‘saber’ e ‘formas de expressão’, respectivamente se referindo ao ‘Ofício dos Mestres de Capoeira’ e à ‘Roda de Capoeira’, onde criam-se diálogos importantes entre corporeidades, historicidades e ancestralidades.

Pensando no papel que os museus possuem de salvaguardar as memórias e patrimônios culturais, materiais e imateriais dentro da nossa sociedade, como uma ferramenta de mediação dessas atividades, o MIS acolhe e incentiva a manifestação da capoeira com uma roda aberta ao público, onde todos podem participar.

Mestre Urso Preto
José Maria Pereira da Silva, que no mundo da capoeira é conhecido como Mestre Urso Preto, faz parte do Centro Cultural de Capoeira: Raízes Brasileiras. Há vários anos trabalha realizando trabalho social com capoeira em alguns bairros de Fortaleza. Atualmente o grupo está situado na comunidade do Campo do América, na escola José Dias de Macedo, no bairro Meireles. O trabalho é realizado principalmente com crianças e adolescentes, onde um dos principais objetivos é transmitir através da capoeira, os valores da cultura e do esporte, tendo o respeito como principal base para todo o trabalho.

SERVIÇO:

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM
Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.
Funcionamento: quinta a domingo, das 13h às 20h (acesso até 19h30).
Entrada: gratuita.

PROGRAMAÇÃO ESPECIAL:

Projeção de imagens com o tema “Consciências Negras”
Data: 18 a 20 e 24 a 27 de novembro
Horário:
Dias 18, 19, 24, 25 e 27: 18h às 19h45
Dia 20: 18h30 às 19h45.
Dia 26: 19h às 19h45.
Local: Praça do MIS

Xica Manicongo Ball
Data: 19/11
Horário: 15h – 20h
Local: sala imersiva (andar -2 do anexo do MIS)

Imagem, Memória e Lutas Negras no Ceará de Chico da Matilde
Data: 20/11
Horário: 17h às 19h
Local: Praça do MIS

Vem Vadiar no Museu: Roda de Capoeira com Mestre Urso Preto
Data: 20/11
Horário: 19h – 19h45
Local: Praça do MIS

EXPOSIÇÕES:

Abertas de quinta a domingo.

Laboratório dos Sentidos
Local: casarão do MIS
Horário: 13h às 20h (acesso até 19h30)

Ontem choveu no futuro
Local: anexo, andar -2
Horário: 13h às 20h (acesso até 19h30)

Leocácio Ferreira – Todos juntos, vamos…!
Local: anexo, andar +2
Horário: 13h às 20h (acesso até 19h30)

Coragem
Local: anexo, andar -2
Horário: 19h às 20h (acesso até 19h30)