Museu da Imagem e do Som realiza conversa aberta com DJ Viúva Negra sobre sonoridades ancestrais

Ação acontece nesta sexta e faz parte de programa voltado para pessoas trans, travestis e não bináries; artista também ministrará módulo de formação artística

O Museu da Imagem e do Som do Ceará promove nesta sexta-feira (24) uma conversa aberta com o DJ Viúva Negra. A fala, intitulada de “CRIPTO: Cartografias Sonoras Ancestrais”, acontece às 18h, na praça do MIS. A programação é gratuita e aberta ao público. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante de Cultura e Arte.

 

CRIPTO: Cartografias Sonoras Ancestrais

DJ Viúva Negra falará sobre sonoridade ancestral e polifonias ancestrais. Também irá partilhar um pouco sobre seus trabalhos, e onde sua pesquisa sonora se encaminha a partir das multimídias eletrônicas e o enredo de “discotecagem disruptiva”.

A programação faz parte das ações do Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres. O Ateliê é uma formação artística desenvolvida pelo “Trair o CIStema”, programa de ação educativa e difusão do MIS que tem como objetivo a promoção de criações artísticas, ações educativas e de pesquisa desenvolvidas por pessoas trans, travestis e não bináries.

 

DJ Viúva Negra

Viúva Negra (Lohr Mesquita) é artista soundmedia, DJ e produtor. Seu trabalho se perpetua na produção de espaços e vivências sonoras negrodescendentes, afroameríndias, ameafricanas, afrolatinas e LGBTQIAP+. Atua como cyber ogan na Coletiva Negrada, DJ do baile Charme 2000 e Festa Crioula, e diretor da “é proibido mas se quiser pode” e seus selos. É também DJ do cantor Mateus Fazeno Rock e já tocou em selos como o Matraca Bass em SLZ-MA.

 

Ateliê de Criação Tecnologias Travestigêneres

Além da conversa aberta ao público, o DJ Viúva Negra ministra semana que vem, também no MIS, um módulo do Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres, formação artística voltada exclusivamente para pessoas trans, travestis e não-binárias, que proponham diálogos entre os campos da arte e da tecnologia. Para esta ação, foram selecionadas dez pessoas, por meio de edital público. Cada uma delas receberá uma bolsa no valor total de R$3.000,00, a ser paga em três parcelas. No total, 87 pessoas se inscreveram para participar. O processo formativo teve início em novembro e segue até janeiro de 2024. Ao final, será produzida uma obra coletiva, além de uma publicação digital. O Ateliê de Criação é desenvolvido pelo programa Trair o CIStema.

O Ateliê de Criação busca fomentar a investigação das relações entre arte, tecnologia e as realidades vividas por pessoas trans, travestis e não-binárias, abrindo espaço para experimentações a partir de uma perspectiva transcentrada. É um espaço de investigação e intercâmbio de experiências, com ênfase na transdisciplinaridade, buscando aproximar, diluir e questionar as fronteiras e barreiras existentes entre linguagens artísticas e outros campos do conhecimento, incentivando o hibridismo e as experimentações que ocorrerão de forma presencial e online. As pessoas selecionadas participarão de diferentes processos formativos, que envolvem a mediação e a tutoria por parte de profissionais com relevante atuação no campo das artes, de forma individual e/ou coletiva, além de oficinas, aulas abertas e partilhas com outros equipamentos públicos.

O primeiro módulo do Ateliê, realizado de 13 a 17 de novembro, foi conduzido pela renomada artista, escritora e psicóloga clínica Castiel Vitorino Brasileiro, autora do livro “Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude” (2022). A artista participou de exposições coletivas e individuais no Brasil, nacionais e internacionais. Sua mais recente exposição individual aconteceu na cidade de Nova York, com o título de “Relembre-se de Quando Conversamos sobre o nosso Reencontro” na galeria que a representa, a Mendes Woods. Castiel é uma das artistas que participa da 35ª Bienal de São Paulo.

Trair o CIStema

O programa “Trair o CIStema”, desenvolvido pelo MIS, teve início durante o mês da visibilidade trans, em janeiro de 2023, e vem desde então desenvolvendo ações educativas e de difusão tendo como premissa a valorização e o protagonismo de pessoas trans, travestis e não-binárias. O programa propõe um olhar para os pactos ficcionais da cisgeneridade, questionando-os e reinventando o imaginário construído socialmente sobre corpos desviantes das normas de gênero. Ele é conduzido por três pessoas que atuam no museu: a arte educadora Aires e as educadoras Garu e Pirani e rømã.

 

A busca pelo direito primordial: o direito de existir

É fundamental enfatizar que o Brasil ocupa, há 14 anos, o triste primeiro lugar em relação à mortalidade de pessoas trans, travestis e não-binárias. Diante desta estatística alarmante, o MIS-CE entende ser parte de sua missão, enquanto instituição pública de cultura, promover iniciativas para fortalecer a luta por direitos civis, especialmente a luta pelo direito primordial de todo ser humano: o direito de existir.

Esta ação inédita e histórica do edital do Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres busca contribuir para a promoção de políticas públicas no campo cultural, como estratégias educativas, que possam contribuir para a redução do número de violências contra pessoas trans, travestis e não-binárias no Ceará e no Brasil.

 

SERVIÇO:

 

Conversas Experimentais: CRIPTO: Cartografias Sonoras Ancestrais

com DJ Viúva Negra

Data: 24 de novembro (sexta-feira)

Horário: 18h às 19h30

Local: Praça do MIS

Evento gratuito e aberto ao público.

 

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DO CEARÁ

Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.

Funcionamento:

Quarta e quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30.

Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30.

 

Entrada: gratuita.

Acompanhe a programação completa no Instagram: @mis_ceara.