Museu da Imagem e do Som realiza programação que discute memórias da ancestralidade negra

Será exibida vídeo-performance baseada na tese de doutorado do pesquisador Lucas Vidal, seguida de debate e apresentação do Maracatu Nação Fortaleza
Foto: Sergio Lima

O Museu da Imagem e do Som do Ceará realiza nesta sexta-feira (27) uma programação que discute as memórias da ancestralidade negra e o racismo. Haverá exibição da vídeo performance “Itinerário de uma história soterrada”, de Lucas Vidal. A obra foi realizada a partir de sua pesquisa de doutorado sobre o soterramento da memória do povo negro no Ceará. Em seguida, o pesquisador participa de uma roda de conversa com o público presente, com a participação do professor Hilário Ferreira.

Fechando a noite, haverá uma apresentação de Calé Alencar com o Maracatu Nação Fortaleza. A programação é gratuita e acontece na praça do museu, das 18h às 20h. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com gestão parceira do Instituto Mirante de Cultura e Arte.

“De burra preta a Raimundo: Itinerário de uma história soterrada”

Inspirada na tese “De Burra Preta a Raimundo: Itinerário de uma história soterrada”, do sociólogo Lucas Vidal, a vídeo performance “Itinerário de uma história soterrada” (2023) evoca a memória de Raimundo Preta, também conhecido como Burra Preta, lembrado através das narrativas de diversas pessoas que trabalharam, moraram ou apenas transitavam pela Praça do Ferreira, no município de Fortaleza, entre as décadas de 70 e 80.

Sua história evidencia uma visão colonial dos meios de produção de história sobre os corpos negros, assim como os mecanismos subjetivos de naturalização do racismo. A provocação feita pela ação é dar ênfase à urgência de tratar as memórias da ancestralidade negra de Fortaleza com dignidade. No vídeo, a coroa de Rainha de Maracatu é elemento performático que representa o poder e a ancestralidade de Raimundo Preta. A performance é de Ismael Mateus Pires.

Maracatu Nação Fortaleza

Idealizado pelo cantor e compositor Calé Alencar, e fundado em 25 de março de 2004, nas comemorações dos 120 anos da abolição dos escravizados no Ceará, o Maracatu Nação Fortaleza foi criado com o intuito de dialogar com a cena cultural não apenas no ciclo carnavalesco, realizando seus cortejos em centros culturais, teatros e outros espaços e também contribuindo para consolidar o maracatu como patrimônio imaterial de Fortaleza.

O maracatu evolui com seu cortejo de personagens variadas, trazido de tempos antigos pela trilha da resistência, apresentando loas e batuques em homenagem a uma corte africana. Nos meneios da baliza, na leveza do porta-estandarte, na cadência do cordão de indígenas, no passo da calunga, na ginga dos cordões de negras e baianas, no movimento dos pretos velhos, na plasticidade do balaieiro, em tudo está a marca inconfundível do maracatu cearense, seu bailado ancestral e seu negrume característico, até chegar o momento da coroação da rainha e do rei, ápice do caminhar de cada maracatu nascido na Terra da Luz.

SERVIÇO:

Exibição da vídeo performance “Itinerário de uma história soterrada” de Lucas Vidal + roda de conversa com Lucas Vidal e Hilário Ferreira + Apresentação do Maracatu Nação Fortaleza
Data: 27 de outubro (sexta-feira)
Horário: 18h às 20h
Local: praça do MIS
Entrada gratuita.

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DO CEARÁ

Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.
Funcionamento:
Quarta e quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30.
Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30.
Entrada: gratuita.

Acompanhe a programação completa no Instagram: @mis_ceara.