O multiartista cearense Descartes Gadelha é homenageado com uma nova exposição realizada pelo Museu Ferroviário Estação João Felipe e pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará — espaços que integram a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará) e são geridos em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. A mostra “Descartes Gadelha, ferroviário” é inaugurada nesta quarta-feira (3), a partir das 15h, na Plataforma do Complexo Cultural Estação das Artes. O evento de lançamento conta com debate com o artista na Kuya – Centro de Design do Ceará e apresentação do grupo Maracatu Solar. A programação é gratuita e aberta ao público.
“Descartes Gadelha, ferroviário” apresenta ao público um aspecto inédito do trabalho artístico do escultor, pintor, escritor e músico: suas obras produzidas enquanto desenhista da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), entre 1957 e 1986. São 45 materiais expostos, entre fotografias; cartazes de segurança do trabalho; ilustrações de peças metálicas das locomotivas; documentos que marcam seus quase 30 anos dedicados à ferrovia; recortes de jornais; e também os projetos do batedor (caixa para frear o trem) e do painel de pastilhas Trem para o Futuro, ambos na Estação das Artes. O acervo foi digitalizado pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará.
A história de Descartes com a ferrovia começou ainda com seu pai, Diderot Serra Gadelha. “O papai era funcionário da RFFSA, meus irmãos todos… E a RFFSA era uma família”, relembra o artista. “A síntese do ser humano na terra é o perfil do trilho: cabeça, troncos, pés. Eu não paro durante as 24 horas do dia, tenho uma convulsão existencial por fazer arte. Desde pequeno eu não paro”, alude Descartes Gadelha ao explicar a relação entre a arte e os caminhos do ferro. Além dos seus afazeres como desenhista, o cearense também dedicou tempo na organização do Museu do Centro de Preservação da História Ferroviária, inaugurado em 1982, no prédio administrativo das Oficinas Demóstenes Rockert, conhecidas como “Oficinas do Urubu”.
A curadoria da exposição é das historiadoras Cristina Holanda, Diretora do Museu Ferroviário Estação João Felipe, e Patrícia Xavier, Coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Indústria. “Esse processo de curadoria é, sobretudo, coletivo. Tentei olhar para o Descartes e também para os objetivos do próprio Museu Ferroviário, considerando o acervo dele, o acervo do Museu, o acervo dos outros ferroviários e a mediação para os visitantes. Acho interessante o processo de curadoria que agrega o conteúdo sobre o próprio artista, sobre o espaço onde está sendo exibida a exposição e, sobretudo, considera o público. A curadoria buscou contemplar todas essas frentes”, destaca Patrícia.
A exposição está aberta ao público de acordo com o horário de funcionamento da Estação das Artes, que serão divulgados semanalmente nos perfis do Instagram @estacaodasartes.ce e @museuferroviariojoaofelipe.
Programação inaugural
As tardes de quartas abrigam uma programação tradicional para o segmento ferroviário: o Museu Ferroviário realiza, semanalmente, a Roda de Conversa. Nesta semana, a inauguração da exposição “Descartes Gadelha, ferroviário” pretende reunir os trabalhadores da via férrea em celebração ao colega de profissão.
A programação se inicia às 15h com as falas inaugurais no auditório da Kuya – Centro de Design do Ceará, com a presença de Descartes Gadelha. Em seguida, o grupo Maracatu Solar apresenta-se para homenagear um dos seus mais ilustres integrantes: Descartes é uma das pessoas que está à frente do grupo e é considerado um griô, ou seja, um guardião da memória coletiva de um povo ou comunidade.
Inauguração da exposição “Descartes Gadelha, ferroviário”
Com falas inaugurais e apresentação de grupo Maracatu Solar
Quando: Quarta-feira, 3.7, a partir das 15h
Onde: Complexo Cultural Estação das Artes
Gratuito e aberto ao público