Núcleo de Políticas Afirmativas do Instituto Mirante realiza 1° Cine Dá Teu Nome, em parceria com o Festival For Rainbow

Programação acontece no Museu da Imagem e do Som e inclui exibição de quatro curtas-metragens, seguida de mesa de debate

O Núcleo de Políticas Afirmativas (NUPA) do Instituto Mirante, em parceria com o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, realiza, no dia 28 de setembro, a partir das 18h, no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS), o 1° Cine Dá Teu Nome, com exibição de quatro curtas-metragens selecionados para o For Rainbow deste ano, dedicados à temática racial e LGBTQIAP+ e produzidos, idealizados e autuados por pessoas Trans.

A projeção acontece na praça do MIS, com acesso livre e classificação de 14 anos. Após a exibição, haverá uma mesa de debate composta pelas militantes e ativistas Dáry Bezerra e Netta Honorato Batista, com mediação da ativista travesti Labelle Silva, produtora do For Rainbow. A partir do convite do NUPA para firmar a parceria, Labelle selecionou obras do catálogo do festival sob uma perspectiva de representatividade, tanto da comunidade quanto da atual produção cinematográfica cearense.

Os curtas selecionados são “Megg – A Margem que Migra para o Centro”, de Larissa Nepomuceno Moreira e Eduardo Sanches (PR); “Aqueles Dois”, de Émerson Maranhão (CE); “Na estrada sem fim há lampejos de esplendor”, de Liv Costa e Sunny Maia (CE); “Negrume”, de Diego Paulino (SP).

Em dezembro de 2022, o primeiro seminário Dá Teu Nome, realizado pelo Instituto Mirante, levou para o Centro Frei Humberto atividade de formação e entretenimento voltada para pensar políticas institucionais de combate à transfobia e permanência da população “T” e “N-B” (travestis, transsexuais e não bináries) nos equipamentos culturais do Ceará. Agora, a iniciativa ganha novo fôlego e amplitude, com o recurso da linguagem do cinema.

O momento se propõe a ser um fio condutor de trocas de experiências e conscientização de Corpas LGBTQIAPN+ reais, dissidentes e atravessadas pelos marcadores de violências, não acessos e apagamentos, a partir das provocações evocadas pelos filmes e propostas pelas convidadas em suas falas. Nesse processo, o público tem a oportunidade de construir reflexões e pensar externalizar dúvidas ou outras questões relacionadas.

Conheça as debatedoras

Ativista LGBTI+ e de Terreiro, transgênera, não binárie, Dáry Bezerra é presidenta do Grupo de Resistência Asa Branca – GRAB e participante da Rede Nacional das Religiões Afro-brasileiras e Saúde – Núcleo Ceará. Atualmente, é mestranda em Antropologia pela UFC/UNILAB.

Netta Honorato Batista é estudante do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará/UECE, militante e secretária nacional de finanças da UNALGBT, da UNEGRO e integrante do Coletivo Paulo Freire de Educação Popular. Diretora estadual de políticas LGBTs da UJS, é educadora popular e social, escritora, poeta e performer, atuando nas áreas de Teatro e Dança.

Travesti, negra, estudante de Publicidade e Propaganda, designer, ativista dos movimentos sociais, defensora dos direitos humanos da população LGBTI+, Labelle Silva atua na construção e controle social de políticas públicas no combate à LGBTfobia. Coordenou o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero durante 15 anos. Em 2016 foi estrela do documentário “Labelle”. Em 2017 tornou-se a primeira travesti a receber uma homenagem pela atuação e história de luta da Câmara Municipal de Fortaleza em sessão solene de comemoração ao Dia Internacional da Mulher, onde também foi a primeira travesti assessora parlamentar de Fortaleza.

Nos últimos anos, foi curadora e júri de importantes festivais e mostras audiovisuais LGBT, como o Recifest, Sertão e Diversidade em Quixadá, Festival Curta Santos e do 49º Festival de Cinema de Brasília. Também foi parecerista, realizando assessoramento técnico, temático, cultural e audiovisual para o 13º Funcultura Pernambuco. Integra a Rede Brasileira de Festivais e Mostras LGBT.

Processo em construção

Iniciativa pioneira em equipamentos culturais do País, o Núcleo de Políticas Afirmativas (NUPA) – que faz parte da Assessoria de Políticas Afirmativas e Articulação Comunitária do Instituto Mirante e cujas ações são realizadas em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará – é responsável por elaborar, produzir, realizar e sistematizar propostas voltadas às populações periféricas, negras, em situação de vulnerabilidade social, LGBTQIAP+ e inseridas em outros recortes de predominante desigualdade social ou de acesso dificultado a direitos.

Na primeira edição do seminário Dá Teu Nome, os esforços concentraram-se na promoção de um encontro para fortalecimento e troca de ideias, no qual os participantes puderam conhecer pessoas que enfrentam as mesmas lutas e desafios, e diferentes organizações do Estado que militam para a garantia de seus direitos. Desse momento, derivaram a construção de um material audiovisual; uma carta aberta da população LGBTQIAPN+ à gestão pública cultural do estado do Ceará; e duas rodas formativas, uma voltada à saúde e outra ao trabalho para a população trans, travestis e não binárias. Agora, por meio da parceria com o For Rainbow, a ideia é ampliar essas reflexões e difundi-las a um público ainda maior. Nesse sentido, a linguagem do cinema chega como uma grande aliada.

SERVIÇO
1° Cine Dá Teu Nome, em parceria com o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero
Data: 28/9
Hora: 18h
Local: Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS)
Acesso livre. Classificação: 14 anos

Conheça os filmes

Megg – A Margem que Migra para o Centro
Doc, 15min, 2018, Direção: Larissa Nepomuceno Moreira e Eduardo Sanches (PR)
Megg Rayara derrubou barreiras para chegar onde chegou. Para ela, seu diploma é um marco importante de uma luta não só pessoal mas, sim, coletiva. Pela primeira vez no Brasil, uma travesti negra conquista o título de Doutora. É a margem que migra para o centro, levando toda sua história consigo.

Aqueles Dois
Doc, 15 min, 2018, Direção: Émerson Maranhão (CE)
Caio José tem 25 anos e é enfermeiro, Kaio Lemos tem 38 e é pesquisador acadêmico. Eles são homens transgêneros, condição determinante para os rumos que tomaram suas vidas.

Na estrada sem fim há lampejos de esplendor
Ficção, 11 min, 2021, Direção: Liv Costa e Sunny Maia (CE)
Uma vez, elu disse: quando fui embora de mim, adeus era tudo o que tinha para dizer. Nessa viagem, talvez não exista uma chegada. Só um caminho infinito.

Negrume
Doc/Fic, 22min, 2018, Direção: Direção: Diego Paulino (SP)
Entre melanina e planetas longínquos, NEGRUM3 propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo. Um ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora.