Segunda edição do Cine Dá Teu Nome é realizada pelo Núcleo de Políticas Afirmativas do Instituto Mirante

Programação acontece na Kuya - Centro de Design do Ceará em parceria com o Festival For Rainbow, nesta sexta-feira (01/12)

O Núcleo de Políticas Afirmativas (NUPA) do Instituto Mirante, em parceria com o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, realiza, nesta sexta-feira (01/12), a partir das 14h, na Kuya – Centro de Design do Ceará, o 2° Cine Dá Teu Nome, com exibição de quatro curtas-metragens selecionados para o For Rainbow deste ano, dedicados à temática racial e LGBTQIAP+, produzidos, idealizados e atuados por pessoas Trans.

A projeção acontece na escadaria da Kuya, com acesso livre e classificação indicativa de 14 anos. Após a exibição, haverá uma mesa de debate composta pela maquiadora, ativista dos direitos humanos, produtora cultural e arte-pesquisadora Lukresya Nascimento e pelo artista multilinguagem, produtor cultural e curador independente Luli Pinheiro. A mediação ficará por conta da ativista travesti Labelle Rainbow, produtora do Festival For Rainbow. As obras que serão exibidas no evento foram selecionadas por Labelle sob uma perspectiva de representatividade, tanto da comunidade quanto da atual produção cinematográfica cearense.

Os curtas são “Megg – A Margem que Migra para o Centro”, de Larissa Nepomuceno Moreira e Eduardo Sanches (PR); “Aqueles Dois”, de Émerson Maranhão (CE); “Na estrada sem fim há lampejos de esplendor”, de Liv Costa e Sunny Maia (CE); e “Negrume”, de Diego Paulino (SP).

Dá Teu Nome

Em dezembro de 2022, o primeiro seminário Dá Teu Nome, realizado pelo Instituto Mirante, levou para o Centro Frei Humberto atividade de formação e entretenimento voltada para pensar políticas institucionais de combate à transfobia e permanência da população “T” e “N-B” (travestis, transsexuais e não bináries) nos equipamentos culturais do Ceará.

Já em outubro de 2023, o programa Dá Teu Nome promoveu as “Rodas Afirmativas no Cariri”, realizadas durante o Festival Unaé, no Centro Cultural do Cariri. As atividades foram pensadas para promover o acolhimento e a escuta da população LGBTQIAPN+ em espaços de construção e exploração artísticas, com o objetivo de aproveitar o Festival Unaé como plataforma de fortalecimento das políticas afirmativas construídas pelo Instituto Mirante no território. Agora, a iniciativa ganha novo fôlego e amplitude, com o recurso da linguagem do cinema.

Assim como na sua primeira edição, realizada em setembro de 2023, o momento propõe ser um fio condutor de trocas de experiências e conscientização de Corpas LGBTQIAPN+, dissidentes e atravessadas pelos marcadores de violências, não acessos e apagamentos, a partir das provocações evocadas pelos filmes e propostas pelas convidadas em suas falas. Nesse processo, o público tem a oportunidade de construir reflexões e apresentar dúvidas ou outras questões relacionadas.

Conheça as debatedoras

Artista multilinguagem graduado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Luli Pinheiro trabalha com realização, fotografia, assistência de direção, edição e montagem de vídeos, clipes e curtas-metragens. Além disso, é produtor cultural e curador independente, colaborando na equipe de curadoria de mostras e festivais como Negritude Infinita, Mostra Patuá, FINCAR e Nóia. Integra a Coletiva NEGRADA, Coletivo LiteraPreta e o grupo cultural de fazeres e saberes afro religiosos Orquestra Sagrada. Atualmente, desenvolve trabalhos que investigam na imagem, na palavra e nas sonoridades possibilidades de resgate de memórias e experiências apagadas pela colonialidade.

Lukresya Nascimento é maquiadora, ativista dos direitos humanos, produtora cultural e arte-pesquisadora, atuando também como palestrante e educadora popular sobre questões de gênero, sexualidade e raça. Foi cineclubista da turma Ponto de Corte, na Vila das Artes e da 3° edição do cineclube FUTURO, dos canais Globo e monitora nos cursos básicos de audiovisual do Centro Cultural Bom Jardim em 2021. Foi aluna no curso Economia e Mercado do Cinema e do Audiovisual 2023.

Travesti, negra, estudante de Publicidade e Propaganda, designer, ativista dos movimentos sociais, defensora dos direitos humanos da população LGBTI+, Labelle Silva atua na construção e controle social de políticas públicas no combate à LGBTfobia. Coordenou o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero durante 15 anos. Em 2016 foi estrela do documentário “Labelle”. Em 2017 tornou-se a primeira travesti a receber uma homenagem pela atuação e história de luta da Câmara Municipal de Fortaleza em sessão solene de comemoração ao Dia Internacional da Mulher, onde também foi a primeira travesti assessora parlamentar de Fortaleza.

Nos últimos anos, foi curadora e júri de importantes festivais e mostras audiovisuais LGBT, como o Recifest, Sertão e Diversidade em Quixadá, Festival Curta Santos e do 49º Festival de Cinema de Brasília. Também foi parecerista, realizando assessoramento técnico, temático, cultural e audiovisual para o 13º Funcultura Pernambuco. Integra a Rede Brasileira de Festivais e Mostras LGBT.

Processo em construção

Iniciativa pioneira em equipamentos culturais do País, o Núcleo de Políticas Afirmativas (NUPA) – que faz parte da Assessoria de Políticas Afirmativas e Articulação Comunitária do Instituto Mirante e cujas ações são realizadas em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará – é responsável por elaborar, produzir, realizar e sistematizar propostas voltadas às populações periféricas, negras, em situação de vulnerabilidade social, LGBTQIAP+ e inseridas em outros recortes de predominante desigualdade social ou de acesso dificultado a direitos.

Na primeira edição do seminário Dá Teu Nome, no ano de 2022, os esforços concentraram-se na promoção de um encontro para fortalecimento e troca de ideias, no qual os participantes puderam conhecer pessoas que enfrentam as mesmas lutas e desafios, e diferentes organizações do Estado que militam para a garantia de seus direitos. Desse momento, derivaram a construção de um material audiovisual; uma carta aberta da população LGBTQIAPN+ à gestão pública cultural do estado do Ceará; e duas rodas formativas, uma voltada à saúde e outra ao trabalho para a população trans, travestis e não binárias.

Agora, por meio da parceria com o For Rainbow, a ideia é ampliar essas reflexões e difundi-las a um público ainda maior. Nesse sentido, a linguagem do cinema chega como uma grande aliada. A primeira iniciativa este ano foi a exibição dos curtas no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MISCE), em setembro deste ano.

SERVIÇO
2° Cine Dá Teu Nome, em parceria com o For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero
Data: 01/12
Hora: 14h
Local: Kuya – Centro de Design do Ceará (Rua Sen. Jaguaribe, 55 – Moura Brasil)
Acesso livre.
Classificação: 14 anos

Conheça os filmes

Megg – A Margem que Migra para o Centro
Doc, 15min, 2018, Direção: Larissa Nepomuceno Moreira e Eduardo Sanches (PR)
Megg Rayara derrubou barreiras para chegar onde chegou. Para ela, seu diploma é um marco importante de uma luta não só pessoal mas, sim, coletiva. Pela primeira vez no Brasil, uma travesti negra conquista o título de Doutora. É a margem que migra para o centro, levando toda sua história consigo.

Aqueles Dois
Doc, 15 min, 2018, Direção: Émerson Maranhão (CE)
Caio José tem 25 anos e é enfermeiro, Kaio Lemos tem 38 e é pesquisador acadêmico. Eles são homens transgêneros, condição determinante para os rumos que tomaram suas vidas.

Na estrada sem fim há lampejos de esplendor
Ficção, 11 min, 2021, Direção: Liv Costa e Sunny Maia (CE)
Uma vez, elu disse: quando fui embora de mim, adeus era tudo o que tinha para dizer. Nessa viagem, talvez não exista uma chegada. Só um caminho infinito.

Negrume
Doc/Fic, 22min, 2018, Direção: Direção: Diego Paulino (SP)
Entre melanina e planetas longínquos, NEGRUM3 propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo. Um ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora.